O livro “Manuscrito de fé: um outro olhar sobre o universo das drogas” elaborado por policiais militares do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (PROERD), do Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária (BPEC), conta com histórias e declarações de presos do regime semiaberto e fechado da Penitenciária Estadual de Ponta Grossa (PEPG), nos Campos Gerais. O material, pelo tenente Saulo Vinícius Hladyszwski e o sargento Henrique José Medeiro, visa fazer com que o detento reflita sobre a venda e o consumo de drogas.
O livro surgiu durante a realização do Projeto “Escola e Vida” desenvolvido pelo BPEC e PROERD em parceria com a PEPG, o qual tinha como objetivo combater o uso indevido de drogas através de debates e questionamentos que incitem e sensibilizem os presos, visando que, por meio da reflexão, o detento tenha orientação e instrução para fazer as escolhas da vida e saiba dizer não para às drogas. As atividades são realizadas na parte da manhã às sextas-feiras e contam também com um feedback com os familiares dos presos através do Serviço Social.
O projeto foi desenvolvido com presos do Centro de Regime Semiaberto que são beneficiados com saídas temporárias e também aqueles do Regime Fechado que cumprem penas diversas por crimes relacionados diretamente ao tráfico de drogas. “Fizemos uma compilação daquilo que o PROERD trabalha com as crianças na prevenção ao uso e abuso de drogas. O retorno dos presos é importante, pois muitos dizem que se tivessem acesso a essas informações antes de entrar no sistema prisional, isso não teria acontecido”, conta o tenente Saulo Vinícius Hladyszwski, um dos organizados do trabalho.
O trabalho dos policiais militares é feito através de pesquisas individuais monitoradas, palestras, complemento de estudo com o filme “Diário de um adolescente” e a produção do aprendizado conforme habilidade de cada grupo de presos. “Com os detentos que estavam no semiaberto o resultado é visível, 100% deles retornam à sessão, diferentemente do que era antes quando tínhamos uma queda de 20 a 30%”, ressalta o tenente Saulo.
Segundo o tenente, ao final do projeto os detentos fizeram composições sobre tudo que absorveram durante os encontros. “Nestes materiais os detentos explicam uma pouco da vivência deles e como entraram no mundo das drogas. A partir disto, juntamos as composições e dividimos em capítulos, o que originou o livro, o qual contou com o apoio da Universidade Estadual de Ponta Grossa e já foi distribuído pelo Brasil e em mais de cinco países”, explica.
“O preso por si só já é excluído de qualquer sentimento e a fala amiga da Polícia Militar faz com que ele tenha uma outra visão, da instituição que não é só repressiva. Praticamos a escuta ativa, valorizando aquela pessoa, porque o preso também é um cidadão e deve ser tratado como ser humano, independente do crime que tenha cometido”, afirma o sargento Henrique José Medeiro, que também participou da organização do livro. “100% dos presos estão reclusos devido à ação da Polícia Militar. É interessante porque a princípio eles não aceitam a PM e no final do programa nós temos uma conversa com familiares e patrocinamos a cultura da paz”, acrescenta.
O livro, distribuído pela editora PROEX, com o apoio da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais, foi organizado, além do tenente Saulo Vinícius Hladyszwski e do sargento Henrique José Medeiro, por Regina Aparecida de Lima Frank e Renata da Rocha Frota. O material está dividido em: A influência de amigo; Os aspectos financeiros; A estrutura familiar; A exclusão social e pobreza associada ao crime; O crime como fator gerador de outros crimes; Relatos diversos; Anexos, Considerações finais e Referências.
Nenhum comentário:
Postar um comentário